sábado, 1 de janeiro de 2011

Perdas e danos: quanto valem os serviços ambientais da Terra?


Colaborador Roberto Rocha


O vazamento do Golfo do México – e quantos mais virão? – nos mostra o quanto somos tremendamente vulneráveis, numa realidade tecnológica bem intencionada, mas que - na prática - não apresenta o mesmo excelente desempenho de suas prospecções e na resolução de seus enfrentamentos mais graves. Afinal, qual o valor da natureza? Voltamos à antiga pergunta que sempre fizemos: quanto vale um mangangá? Aquele inseto polinizador - como tantos outros – que voam de flor em flor, para garantir uma colheita farta de alimentos que ocupam nossas mesas na forma de grãos, doces, sucos, refrescos ou simplesmente ao natural? Não sabemos, ou não queremos discutir essas questões subjetivas e complexas?. Qual o preço do metro quadrado de um manguezal poluído? Você sabe? Com certeza, não sabe. Nem eu! Mas sabemos quanto custa o metro quadrado imobiliário na zona sul de qualquer município! Por que não aplicamos cálculos para saber quanto valem os serviços ambientais da natureza? Poderíamos calcular a quantidade média de zooplâncton ou fitoplâncton por metro cúbico afetado! Depois calcularíamos a quantidade em peso vivo desses organismos em um ano, em dois anos, em três anos etc. Aplicaríamos o valor de mercado? Em reais? Em dólares? Em euros? E a depreciação? Por exemplo: uma larva de camarão “lixo” custaria o mesmo que um camarão VG? Além dos valores de cada espécie, deveríamos descontar a taxa de mortalidade media de cada uma delas e aplicaríamos um fator de correção?. Somaríamos a tudo isso os valores que esses organismos representam para a manutenção da cadeia alimentar dos ambientes marinhos e de águas doces, sem qualquer uso humano direto?. Acrescentaríamos ainda o valor desse pescado para as comunidades ribeirinhas e litorâneas que pescam “de graça” todos esses “recursos naturais”?. Valor ecológico-social? Questões turísticas estariam também envolvidas: gastronomia, pesca esportiva e todas as cadeias dependentes dessas atividades associadas aos frutos dos mares e rios. Difícil? As empresas seguradoras devem ter alguma resposta. Somos guiados por cálculos lineares que não funcionam em situações de redes complexas. Apresentamos soluções reducionistas para desafios sistêmicos. Isso é um absurdo! É inconcebível! O maior desafio é mudar o paradigma para se tentar apresentar soluções coerentes. A pergunta é: QUEM QUER MUDAR O PARADIGMA? QUEM PODE MUDÁ-LO? Que argumentos teríamos para tal propósito? Você tem alguma sugestão? A hegemonia pensante linear não nos deixa raciocinar de forma sistêmica! Você faz parte da rede tanto como a larva de camarão morta pelos impactos das atividades humanas! Dizem que somos uma espécie que pensa. Pensa o quê? Não estamos falando de “defender a natureza” – um posicionamento muito ingênuo! Estamos falando de economia pesada, de segurança alimentar, de grandes investimentos afetados por questões ecológicas. Por quanto tampo ainda vamos continuar a desconhecer o valor econômico dos serviços ambientais?

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